Tal ação pretende corroborar com a manutenção desses dois “folguedos populares”, além de ajudar na transmissão do mesmo de geração a geração, através de três ações básicas que serão executadas pelo artista e pesquisador musical Rony Petersom (um dos atuais responsáveis pela continuidade dos folguedos):
- suporte financeiro para a realização dos folguedos (pagamento de pró-labores, compra de camisetas de identificação da festa, reforma do estandarte e decoração das festas, compra de alimentos e feitura das comidas da festa junto à comunidade, fornecimento de instrumentos musicais para a realização da procissão, divulgação, etc.);
- integração da Comunidade Tradicional Quilombola de Piraputanga com artistas de atuação em vários segmentos artísticos no Estado do Mato Grosso do Sul através do convite para os últimos integrarem os preparativos e a execução dos folguedos;
- documentação audiovisual dos folguedos através da captação e edição de imagens (foto e vídeo) dos preparativos e da execução dos mesmos além de entrevistas com os antigos e novos participantes dessas manifestações populares.
- exibição do material multimídia produzido na Associação Negra e Rural Quilombola da Furna dos Baianos (Piraputanga) como ação de encerramento do projeto. 

 

 

Histórico

 

   Os baianos da cidade interiorana de Engenho de Água Branca e proximidades chegaram na região do atual distrito da cidade de Aquidauana/MS, chamado Piraputanga, entre a década de 40 e 50 do século passado, atraídos pela construção da Estrada de Ferro e pelo baixo custo das terras. Em 1949 chega um dos últimos grupos de retirantes baianos e com ela vem também Chica Baiana que começa a introduzir na comunidade a “Folia de Reis” e a “Festa do Boi Bumbá”. 

   No entanto a festa ficou adormecida e sem ser realizada durante os anos de 

2008 e 2009 por conta de problemas de saúde de Chica Baiana e de problemas

financeiros da comunidade. Foi então que em 2010, com recursos mínimos

da própria comunidade, o músico Rony Petersom, descendente a comunidade,

recebeu de Chica Baiana “o boi”, ou seja, a função de “continuar” e reacender

a chama da festa que estava sendo apagada. Durante os anos de 2010 e 2011

Rony Petersom organizou junto à referida comunidade a “Folia de Reis” e

a “Festa do Boi” daqueles anos junto à Chica Baiana e também junto a outros músicos regionais do Estado, como Jonas Feliz, Ivan Cruz e Lilian Maira e também junto à artista plástica e musicista sul-mato-grossense Miska Thomé que foi responsável pela decoração da festa e construção do estandarte. Novamente por problemas financeiros e de infra-estrutura a festa não pode ser realizada no ano de 2012.

    Este projeto cultural pretende resgatar e desenvolver uma prática cultural e popular que costumava acontecer no centro da vida social de uma comunidade baiana que imigrou com suas raízes culturais para outro estado brasileiro com também fortes tradições culturais que é o Mato Grosso do Sul com sua cultura pantaneira. Esse “choque” de culturas ou “convivência” de culturas parece nos revelar aspectos importantes da formação social brasileira. Além disso, o modelo de sociedade com modo de produção coletiva fornecido na realização e vivência de folguedos tradicionais populares tais quais a “Folia de Reis” ou a “Festa do Boi Bumbá” parecem estar em extinção no seio das comunidades: manter e realizar anualmente uma festa como essa pode reavivar a possibilidade de que outro tipo de mundo e práticas sociais possam ser construídas.

    Uma inovação dessa iniciativa é o fato de ela pretender ser uma plataforma de encontro entre as raízes tradicionais baianas e a cena artística atual sul-mato-grossense na medida em que vários músicos, artistas cênicos e plásticos, com produção atual no Estado, serão, novamente, convidados a participar da “Folia de Reis” e da “Festa do Boi” integralmente, em todos os seus dias de execução.

    Além disso, o resgate e a prática da “Folia de Reis” e da “Festa do Boi”, objeto dessa iniciativa cultural, vislumbra fazer com que a comunidade de Piraputanga (que abriga o vilarejo de Piraputanga, a Furna dos Baianos I e a Furna dos Baianos II) relembre o que eles são, da onde vieram e celebram a possibilidade de estarem juntos ainda. A partir desse espírito de união, a comunidade potencializa-se para juntos lutar para a melhoria de sua qualidade de vida e dos seus direitos humanos básicos.

 

 

 

    Esta iniciativa, apesar de ser de cunho memorial com função de resgate do passado intenta também apontar para o futuro ao envolver os jovens e crianças da comunidade que poderão replicar essa experiência em suas vidas e na vida social da comunidade.

    Além disso esta iniciativa prevê a produção de um documentário audiovisual de todo o processo que será exibido gratuitamente em Piraputanga, Campo Grande e também disponibilizado na internet como forma de atingir todos os objetivos até aqui descritos.

 

FICHA TÉCNICA (JÁ CONFIRMADA) DO EVENTO:

 

Mestra popular da Folia de Reis e da Festa de Boi Bumbá de Piraputanga: Chica Baiana

Produção geral e sambador: Rony Petersom

Elaboração de projetos e assistência de produção: Lígia Marina

Sambadores: Joel, Adão, Carlitos, Wesley Paz, Gleyton Berbet, Ivan Cruz, Lilian Maira, Nattalia Pompeo, Teatro Imaginário Maracangalha, Saulo Conde E Felipe Brito de Melo.

Registro e montagem videográfica: Cadu Modesto e Thiago Moraes

Registro e montagem fonográfica: Jonas Feliz

Figurinos: Lauren Cury

Estandarte, recuperação do boi bumbá e decoração da festa: Rony Petersom e Miska Thomé

Apoio na assessoria de imprensa: Brasa Comunicação